Amor... amor!... Tu trais meus desejos,
Minha tristeza, meu esforço... Quando afundavas
A ilusão na Sombra da morte
Revives seu cadáver, o dominas,
E me entregas atada
Como um mártir vencido...
Amor! Amor! Tuas asas golpearam
Às portas da alma, suavemente...
Mentiram-me teu sussurro, não o ignoro,
Mas eu fui covarde e com as asas
Agoureiras e trágicas me fizeste
Um manto todo alvo e todo rosa.
Traição! Traição! Tua fina punhalada
Sangra a minha veia e há de dar-me a morte
E não posso nem quero amaldiçoar-te.
Tu voltaste, amor! Tu voltaste!
Como um menino surpreendido, de repente
Minha alma põe interesse em te receber
E temor; treme acaso por suas flores
Que recém se abriram quando tuas asas,
Fino amor, me chamavam, me chamavam...
Entra, traidor! Tu sabes o que tu encontras:
Seja cuidadoso, olha que não ficam
Muitos brotos mais, não te prodigues
De suas pétalas lânguidas e enfermas,
Que no jardim de Outono aonde chegas
As flores se malogram facilmente.
Entra traidor! Intenta algum milagre!
Passa teu sopro vívido como uma
Chama de vida onde a alma possa
Despertar para a doce Primavera
Esquecendo o inverno impiedoso!
Entra, traidor! E vence-me, sufoca-me...
Faz-me esquecer a tempestade passada,
Nina-me, adormece-me e procura
Que me morra no sonho de teu engano,
Enquanto me cantas, suave, a alegria
Das páscoas do sol!
Alfonsina Storni
Tradução de Cristiane Carvalho e Manolo Graña
Minha tristeza, meu esforço... Quando afundavas
A ilusão na Sombra da morte
Revives seu cadáver, o dominas,
E me entregas atada
Como um mártir vencido...
Amor! Amor! Tuas asas golpearam
Às portas da alma, suavemente...
Mentiram-me teu sussurro, não o ignoro,
Mas eu fui covarde e com as asas
Agoureiras e trágicas me fizeste
Um manto todo alvo e todo rosa.
Traição! Traição! Tua fina punhalada
Sangra a minha veia e há de dar-me a morte
E não posso nem quero amaldiçoar-te.
Tu voltaste, amor! Tu voltaste!
Como um menino surpreendido, de repente
Minha alma põe interesse em te receber
E temor; treme acaso por suas flores
Que recém se abriram quando tuas asas,
Fino amor, me chamavam, me chamavam...
Entra, traidor! Tu sabes o que tu encontras:
Seja cuidadoso, olha que não ficam
Muitos brotos mais, não te prodigues
De suas pétalas lânguidas e enfermas,
Que no jardim de Outono aonde chegas
As flores se malogram facilmente.
Entra traidor! Intenta algum milagre!
Passa teu sopro vívido como uma
Chama de vida onde a alma possa
Despertar para a doce Primavera
Esquecendo o inverno impiedoso!
Entra, traidor! E vence-me, sufoca-me...
Faz-me esquecer a tempestade passada,
Nina-me, adormece-me e procura
Que me morra no sonho de teu engano,
Enquanto me cantas, suave, a alegria
Das páscoas do sol!
Alfonsina Storni
Tradução de Cristiane Carvalho e Manolo Graña

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