sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O SINO DE CRISTAL

Nem bem a tarde se apagava; era
A penumbra tingida de escarlata
Preludiando o reinado da prata
Numa noite de densa primavera.

Estava ferida de aflição que mata,
Uma aflição nervosa e agoureira
Como se fosse anunciação certeira
Em que todo o anseio se desata.

Então a noite palpitou nas células,
Chegaram a milhões suas libélulas
Arrancando-me um ritmo musical.

E sob a melancolia da lua
Eu descobri que esta minh´alma nua
Tem a forma de um sino de cristal.


Alfonsina Storni
Tradução de Cristiane Carvalho e Manolo Graña

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