terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Bruxelas

Julho. Alameda do Regente.

Canteiros de amarantos até
O agradável palácio de Júpiter
— Sei que és Tu que, neste lugar,
Misturas teu Azul quase de Saara!

Depois, como rosa e pinheiro do sol
E cipó têm aqui seus jogos confinados,
Gaiola da pequena viúva...
Que variados
Bandos de pássaros, ô ia io, ia, oi!

Calmas casas, antigas paixões!
Quiosque da Louca por afeição.
Após as bundas das roseiras, balcão
Sombrio e muito baixo da Julieta.

— A Julieta, isto lembra a Henriqueta,
Encantadora estação do trem
No coração do monte, como no fundo de um pomar
Onde mil diabos azuis dançam no ar!

Banco verde, onde canta ao paraíso de tormenta
Na guitarra, a branca irlandesa.
Então da sala de jantar guianesa
Conversas das crianças e das gaiolas.

Janelas do duque que me faz pensar
No veneno dos caracóis e da madeira
Que dorme aqui ao sol. Depois
E belo demais! demais! Vamos guardar silêncio.

Alameda sem movimento nem comércio,
Muda, todo drama e toda comédia,
Reunião das cenas infinita,
Eu te conheço e te admiro em silêncio.

No número 25 da alameda do Regente, em Bruxelas, havia o Palacete
dos Duques de Aremberg. 0 "agradável palácio de Júpiter"
deve ser o Palácio Real ou o Palácio das Academias.


Arthur Rimbaud

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