terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O riacho de Cassis

O riacho de Cassis rola ignorado
Em vales estranhos:
De cem corvos lhe acompanha o brado
Real e boa voz de anjos
Com os grandes movimentos dos pinheirais
Quando voam ventos demais.

Tudo rola com mistérios revoltantes
De campos antigos;
De torres visitadas, de parques importantes:
E nestas margens que se ouvem
As paixões mortas de cavaleiros errantes:
Mas que saudável é o vento!

Que o pedestre veja estas vias:
Irá mais corajoso.
Soldados das florestas que o Senhor envia,
Queridos corvos deliciosos!
Façam fugir daqui o camponês esperto
Que brinda de um velho coto.



Maio 1872.
Arthur Rimbaud

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